Posted on segunda-feira, maio 21, 2012 · Leave a Comment
“Mas se
tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de
passos que será diferente dos outros.
Os outros me fazem entrar debaixo da
terra. Os teus me chamarão para fora da toca, como se fossem música.
E depois,
olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão.
O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma.
E isso é triste. Mas tu tens cabelos cor de ouro.
Então será maravilhoso quando me tiveres cativado.
O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...
A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
- Por favor... cativa-me disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos.
Se tu queres um amigo, cativa-me!
Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.
É preciso ser paciente, respondeu a raposa.
Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada.
A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...
No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa.
Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz.
Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade!"
(Antoine de Saint-Exupéry em O Pequeno Príncipe)
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