Posted on sexta-feira, junho 15, 2012 · Leave a Comment
“Fico pensando se viver não será sinônimo de perguntar.
A gente se debate, busca, segura o fato com duas mãos sedentas e pensa: “Achei! Achei!”
Mas ele escorrega, e espatifa em mil pedaços, como um vaso de barro coberto apenas por uma leve camada de louça.
A gente fica só, outra vez, e tem que começar do nada, correndo loucamente em busca dos outros vasos que vê.
Cada um que surge parece o último.
Mais todos são de barro, quebram-se antes que possamos reformular as perguntas.
E começamos de novo, mais uma vez, dia após dia, ano após ano.
Um dia a gente chega na frente do espelho e descobre: “Envelheci”.
Então a busca termina.
As perguntas calam no fundo da garganta, e vem a morte.
Que talvez seja a grande resposta. A única.”
Caio Fernando Abreu
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